“Ando borrando cenas, dizendo efetivas falsidades galantes. Há inomináveis jocosos e lúcidos murmúrios. Nada o presidente questionável: restos suínos tramando uma voraz xistosa zombaria.” Sim, este seria o título deste livro! Em primeiro lugar, adoro títulos de livros com quilômetros de extensão. Garcia Márquez parece que também, já que um de seus livros mais conhecidos chama-se “a incrível e triste história da cândida erêndira e sua avó desalmada”.
Foi um dos primeiros e poucos livros dele que li, ainda nos anos 70. Contos fantásticos. Confesso que, depois, conseguiu apenas me causar tédio, mas de “Erêndira…” tenho boas recordações, como o conto do velho confundido com um anjo, caído num galinheiro após uma tempestade.
Cheguei até a fazer a capa com esse nome, mas percebi que, para um escritor com tão pouco alcance junto à grande maioria dos leitores, não por culpa minha, estou certo, tal título seria considerado negativo. Pesquisando sobre gêneros literários, descobri que esses textos são “aliterações”. Gostei da palavra e mudei para: “Aliterações, Blasfêmias, Caos e Desafios”.
O projeto deste livro começou pelo que agora percebo como praticamente o final: um texto escrito (que alguns chamarão de poesia, outros de crônica… Ah, sei lá, chamem como quiserem), num arroubo noturno, em que me foram brotando palavras com V, letra forte que foneticamente tem muita força. Daí saiu outro e outro no mesmo padrão, e quando vi, já tinha praticamente metade do alfabeto. Decidi então completar, e aqui estamos.
Decerto que, não apenas pela quantidade menor de palavras grafadas com X e Z, mas pela possibilidade de combiná-las e criar algo com o mínimo sentido, foi-me muito difícil criar textos com essas letras. E mais ainda as letras “estrangeiras” (K, W, Y), que já foram incorporadas, retiradas e depois recolocadas no alfabeto, e como palavras com elas são quase que na totalidade nomes próprios, marcas ou estrangeirismos e são pouquíssimas reconhecidas nos dicionários, foi quase impossível.
A propósito, todos os textos foram originalmente escritos de uma forma que se tornou minha marca pessoal: um único parágrafo, corrido, sem pausas para respiração. Mas aí pensei que seria judiar demais do leitor. Então, para esta edição, separei em parágrafos.
Por fim, preciso falar sobre o processo usado para a escrita: primeiramente, sentei e comecei a escrever, tentando dar sentido às frases, usando de muita metáfora e jogos de palavras. Por fim, foi preciso desenterrar da estante um velho “Aurélio”, porque queria ter à minha frente as palavras e seus significados. Nada de Google e muito menos inteligências artificiais. Seria muito fácil, mas pouco poético, pouco verdadeiro e nada honesto.
Assim, espero que este pequeno livro em tamanho possa, de fato, lhe servir como alavanca de pensamento, com suas muitas linhas de pensamento, metáforas e referências nas entrelinhas. O que busco é a experiência do leitor e sua curiosidade em entender não apenas o que parece ser um amontoado de palavras que muitas vezes podem não fazer sentido.
Anime-se, Bondoso Carríssimo! Digira E Folheie Graciosamente (a) Hermética Idiosincrasia Juramentada. Leia! Modifique-se Na Ortográfica Prostituição Quase Relativa. Sirva-se! Transforme-se! Ultraje-se! Xingue-me, Zombador!
Autor: Barata Cichetto
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