No final do século XVIII, numa França turbulenta e dividida entre o fervor revolucionário e o conservadorismo da nobreza, nasceu um dos escritores mais controversos da história: Donatien Alphonse François, o Marquês de Sade. Filho de uma família aristocrática, Sade se destacou não apenas por sua posição social, mas por uma rebeldia singular, tanto em sua vida pessoal quanto em suas obras. Libertino assumido, ele rejeitava os valores morais e religiosos de seu tempo, defendendo o prazer como força motriz do ser humano e desafiando qualquer forma de autoridade que tentasse limitar sua liberdade. Sua vida foi marcada por constantes prisões, julgamentos e escândalos, mas também por uma produção literária ousada, intensa e profundamente subversiva. Com a coleção “Sade Essencial”, apresentamos cinco de suas obras mais icônicas, que revelam a radicalidade de seu pensamento e a intensidade de seu estilo. Vamos conhecer cada uma dessas obras que se tornaram marcos da literatura libertina.
A Filosofia na Alcova
Em “A Filosofia na Alcova”, Sade apresenta uma narrativa que combina erotismo e filosofia em doses ousadas. Publicada em 1795, a obra conta a história de Eugénie, uma jovem que é seduzida e educada em práticas libertinas por Dolmancé e Madame de Saint-Ange, dois personagens que representam o pensamento livre e libertino de Sade. No decorrer da história, Sade expõe uma série de diálogos que criticam a moralidade cristã, o casamento e as instituições políticas. Mais do que uma obra erótica, “A Filosofia na Alcova” é um manifesto de liberdade, onde Sade defende a ideia de que o prazer é o princípio supremo da existência humana e que todas as restrições impostas pela sociedade devem ser desafiadas e questionadas. Com ironia e sagacidade, ele aponta as hipocrisias de seu tempo, defendendo uma ética do prazer que ainda hoje levanta questões importantes sobre liberdade individual e moralidade.