Bem, aqui está o “Jorro”, um texto escrito com maestria, sinceridade e emoção por um escritor absolutamente fantástico, que consegue criar um personagem rico, que a tudo justifica com suas mazelas, tal qual o homem do subsolo de Dostoiévski Impressionou-me foi como Olavo, avesso à poesia, complementou quase todos os capítulos, com poemas que não tinham relação direta, mas que no final, parecem conversar com o texto.
Afinal, o personagem afirma ser poeta. Seria uma vingança do autor contra a poesia e os poetas? Arquiteto por profissão, OVC, soube construir – ou seria destruir? – um personagem que, apesar de um caráter falho, sofre e busca nos elementos a razão de tudo, e no prazer a “salvação”. Um detalhe importante é que em “Jorro” nenhuma das personagens tem nome. Então, aqui está o Jorro de Olavo Villa Couto. Molhem-se! (Barata Cichetto)
O céu jorrava sobre nossos rostos o produto de seu orgasmo. Relâmpagos, trovões e ventos furiosos faziam a terra estremecer inteira e se sacudir num prazer absoluto e inigualável. Jorro! As nuvens, como pregas de uma gigantesca buceta celeste, se contorciam despejando aquele líquido morno que nos encharcava de imenso prazer. A Natureza, naquele momento estava tendo um jorro de êxtase e ejaculava abundantemente sobre nós. Squirt!
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